Vila da Glória

Muitas vezes sentimos vontade de nos sentarmos debaixo de um sombreiro, num velho banco de madeira,  e, embalados por uma leve brisa marinha e pelo murmurar das marolas, deixar fluir o tempo e ficar apenas observando o mar. Agora, se a isto pudermos aliar um delicioso camarão, um peixinho frito e uma cervejinha gelada, então, será perfeito.

Estávamos no meio da semana, quarta feira, feriado de finados. Uma boa opção para cumprirmos nosso propósito seria a Vila da Glória, local tranqüilo, boa comida, uma bela vista da Baía da Babitonga e do centro histórico da velha São Chico.

Para aguçar ainda mais a nossa motivação, decidimos fazer um pedal passando pelos sertões do Gibraltar e Frias, para, em seguida, sentir a brisa marinha no Estaleiro. Isto nos faria ainda mais merecedores ao prêmio que propusemos nos presentear neste dia.

Embora nublado e frio para esta época do ano, ansiávamos por aproveitar o dia da melhor maneira possível e, montados em nossas bicicletas, partimos em direção ao canal da Vigorelli. Aproveitamos os poucos minutos que faltavam para a balsa atracar e resolvemos tomar uma geladinha para brindar aquele que seria um ótimo dia.

O grupo, embora pequeno, reunia amigos que tinham em comum a vontade de passar um dia agradável e sem estresse.

Feita a travessia, encaramos as primeiras subidas, as mais íngremes do roteiro. O trajeto até a estrada principal passa em meio a uma extensa área de preservação. A primavera mostra a sua plenitude pela exuberante florada dos guarapuvus e pelo canto das aves, cujo trinar nos mostra as varias espécies que ainda habitam estas matas.

Durante o percurso nos deparamos com vários ‘tiês-sangue’ e um pequeno bando de barulhentas ‘gralhas azuis’.

Passamos por Frias e, a medida que seguimos em direção ao Estaleiro, deixamos o sertão e passamos a vislumbrar as mansas águas da baía da Babitonga, os habituais pescadores em seus pequenos botes, as aves marinhas rondando os cardumes de pequenos peixes buscando o seu alimento matinal.

Ao chegarmos ao ancoradouro da balsa que faz a travessia Estaleiro-Laranjeiras, nos deparamos com o Joci e um grupo de ciclistas que, tendo saído mais cedo, já estavam retornando para Joinville e pretendiam chegar a tempo do almoço na Vigorelli.

Pedalamos mais alguns quilômetros até chegarmos a Vila da Glória e seguimos direto para o Restaurante do Trapiche, onde, para nossa surpresa, nos deparamos com o Claudio, o Ilário e mais dois amigos que, desta vez, vieram singrando as águas da baía em seus caiaques.

Havíamos cumprido metade do nosso percurso, chegáramos ao local escolhido para saborearmos um peixe frito, uns camarões e uma cervejinha gelada. A mesa sob o sombreiro, o barulho das marolas, a visão da baía e do centro histórico agora eram reais. Estávamos ali para nos deliciarmos com tudo isso, agora na companhia de mais amigos.

Após um farto almoço, nossos amigos precisavam aproveitar a virada da maré para retornar até a Vigorelli enquanto nós, ciclistas, podíamos usufruir um pouco mais daquele paraíso.

Enquanto descansávamos, o tempo virou, a leve brisa se tornou mais forte e o céu foi se enchendo de nuvens. Decidimos seguir viagem.

O retorno se daria pelo mesmo caminho. Neste dia nosso objetivo não era fazer uma nova rota ou um grande percurso cicloturístico. Almejávamos apenas um curto passeio e um belo almoço.

Seguíamos devagar, sentindo o peso de tanto camarão deglutido durante nosso almoço. O dia continuou nublado, tornando mais amena a nossa pedalada.

Enquanto visualizávamos a baía, procurávamos pelos pequenos caiaques, como se fossemos duas equipes competindo para saber quem chegaria primeiro ao nosso destino.

Chegamos ao Estaleiro e fizemos uma parada. Nossos amigos caiaqueiros se distanciavam pelas águas da baía. Nisto somos surpreendidos por outro grupo de ciclistas (Dietmar, Rosane e Bete) que se dirigiam a um dos restaurantes do Estaleiro para almoçar, após terem vencido um longo percurso através do Palmital.

Ao chegarmos em Frias, numa parada após a subida de um dos morros, ouvimos ao longe o roncar dos ‘bugios’.

Logo adiante, entramos na estrada que nos leva ao Gibraltar. Teríamos que enfrentar, novamente, as maiores subidas do percurso, o que, no entanto, indicava que estávamos próximos do atracadouro e da balsa que nos levaria até a Vigorelli.

Enquanto aguardávamos, nossos amigos caiaqueiros surgem no horizonte fazendo a travessia do canal e se aproximando do final de sua viagem.

Cruzamos o canal e rumamos em direção as nossas casas. Nossos objetivos para este feriado foram cumpridos.

Percurso em torno de 70 km, de nível médio, que não exige grande preparo dos cicloturistas. Vários restaurantes e lanchonetes estão presentes em boa parte do percurso que, em sua maior parte, é feita em estradas de terra, sendo pequenos os trechos em asfalto.

Participantes:

Alexandre, Gerson e Paco.

Veja as fotos nos links abaixo:
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